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Setor de saúde investe em telemedicina para ampliar serviços

Setor de saúde investe em telemedicina para ampliar serviços

14/05/2025 - 07:33
Matheus Moraes
Setor de saúde investe em telemedicina para ampliar serviços

O avanço da telemedicina no Brasil reflete uma revolução tecnológica e social, unindo inovação e cuidado à saúde.

Panorama do crescimento do mercado

Nos últimos anos, a telemedicina saltou de um nicho experimental para uma das principais frentes da assistência à saúde no país. Em 2025, o mercado de saúde digital na América Latina deverá atingir US$ 3,48 bilhões, quase o dobro registrado em 2020. Apenas no Brasil, foram mais de 30 milhões de atendimentos virtuais em 2023, segundo a Fenasaúde, um crescimento de 111% em relação ao biênio anterior.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também adotou rapidamente as soluções digitais: entre 2023 e 2024, ocorreram aproximadamente 4,6 milhões de teleatendimentos que incluíram teleconsultas, telediagnósticos e consultorias especializadas. Esses números apontam para uma tendência irreversível de digitalização e expansão das ofertas de saúde.

  • Aumento de 99,8% nas consultas especializadas à distância no SUS entre 2022 e 2024.
  • Expansão de plataformas integradas de registro eletrônico e troca de informações clínicas.
  • Crescimento do investimento público, com R$ 464 milhões destinados à telessaúde em 2024.

Inclusão digital e desafios sociais

A ampliação dos serviços depende, porém, da democratização do acesso à internet. Estudos apontam que 33,9 milhões de brasileiros ainda estão desconectados, enquanto outros 86,6 milhões possuem conexão limitada. Essa barreira digital prejudica especialmente populações rurais e periféricas.

A telemedicina pode reduzir as desigualdades regionais, permitindo que pacientes em áreas remotas tenham acesso a especialistas sem a necessidade de deslocamentos onerosos. Ainda assim, a falta de infraestrutura e a precariedade da rede móvel em zonas afastadas representam um obstáculo relevante.

Inovação e tecnologias utilizadas

As plataformas de telemedicina englobam desde simples agendamentos online até sistemas avançados de Inteligência Artificial. Ferramentas de IA já realizam triagem automatizada de sintomas e oferecem suporte na elaboração de laudos, aumentando a eficiência no atendimento.

Além disso, as videoconsultas ganharam funcionalidades que permitem a troca de exames e imagens em tempo real, favorecendo diagnósticos mais precisos. O registro eletrônico de saúde unificado contribui para um histórico clínico completo, consultável por qualquer profissional habilitado.

Políticas públicas e diretrizes de telessaúde

Regulada em 2022 pela Resolução CFM 2.314/2022, a telemedicina encontra respaldo legal e passou a integrar as estratégias prioritárias do Ministério da Saúde. Foram formalizados programas de extensão de telessaúde em cada estado, com metas claras:

  • Implementação de dois Núcleos de Telessaúde por estado até 2026.
  • Expansão de pontos de telessaúde em áreas de vazio assistencial.
  • 100% de adesão de estados e municípios ao Programa SUS Digital.

O investimento de R$ 464 milhões em 2024 reforça o compromisso com a transformação digital e busca integrar o atendimento remoto ao modelo presencial, promovendo a continuidade do cuidado.

Principais desafios e soluções

Apesar dos avanços, a telemedicina enfrenta obstáculos que exigem cooperação entre governo, setor privado e sociedade civil. Entre eles, podemos destacar:

  • Barreiras regulatórias e legais: harmonização das normas estaduais e federal, além da garantia de privacidade conforme a LGPD.
  • Adaptação de profissionais: programas de capacitação para médicos e técnicos de saúde, visando reduzir a resistência ao uso de novas tecnologias.
  • Garantia de segurança da informação: padronização de protocolos de proteção de dados e investimento em infraestrutura de TI.
  • Acesso digital universal: expansão de redes de banda larga e oferta de planos de conectividade a baixo custo.

Cada um desses pontos demanda ação coordenada. A criação de incentivos tributários para provedores de internet em regiões carentes, bem como a oferta de bolsas de estudo para formação em tecnologia de saúde, são algumas medidas que podem acelerar a adoção plena da telemedicina.

Tendências futuras e impacto social

O horizonte para os próximos anos indica ainda mais integração entre sistemas presenciais e remotos. A Inteligência Artificial deverá ser incorporada de forma mais intensa, com algoritmos capazes de prever crises de saúde e monitorar pacientes crônicos em tempo real.

Espera-se também o surgimento de dispositivos vestíveis avançados, conectados a plataformas de telessaúde, permitindo a coleta contínua de dados vitais. Essa inovação contribuirá para a **prevenção proativa de doenças** e para o acompanhamento dinâmico de pacientes em tratamentos longos.

O impacto social é palpável: a telemedicina reduz distâncias, economiza recursos e promove a igualdade no acesso a especialistas. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, esses serviços representam uma oportunidade única para fortalecer o sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.

Com políticas públicas robustas, investimentos contínuos e engajamento de toda a cadeia de valor, a telemedicina tem potencial para se consolidar como pilar fundamental da saúde no Brasil, garantindo um futuro mais conectado, eficiente e inclusivo.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes, 33 anos, é redator no noticabos.org, especializado em crédito pessoal, investimentos e planejamento financeiro.