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ESG ganha protagonismo em decisões de investimento

ESG ganha protagonismo em decisões de investimento

04/03/2025 - 17:35
Bruno Anderson
ESG ganha protagonismo em decisões de investimento

O ambiente de investimentos vive uma transformação profunda, em que critérios ambientais, sociais e de governança assumem papel central nas escolhas de alocação de capital.

Panorama global e cenário brasileiro

Os investimentos classificados como ESG vêm crescendo em ritmo acelerado. Em 2020, o volume global era de US$ 35 trilhões, saltando para uma projeção de US$ 53 trilhões até 2025, o que representa mais de um terço dos ativos sob gestão em todo o mundo. Esse fluxos de capitais mundiais sinalizam que o compromisso com sustentabilidade deixou de ser tendência e virou estratégia de longo prazo.

No Brasil, o movimento também se intensifica. Até maio de 2025, fundos ESG registraram R$ 34 bilhões em ativos sob gestão, um crescimento de 28% em relação ao ano anterior. Atualmente, existem 193 fundos ESG ativos no país, sendo 127 fundos IS (compromisso formal com objetivos ESG) e 66 fundos ESG-related (critério considerado sem compromisso formal).

Motivações para o protagonismo ESG

A adoção de práticas ESG nas decisões de investimento reflete uma convergência de fatores:

  • Riscos climáticos crescentes e eventos extremos;
  • Pressão de stakeholders por maior transparência;
  • Transformações regulatórias que elevam padrões de divulgação;
  • Busca por transição energética e sustentável em diversos setores.

Em um cenário de incertezas econômicas e tensões geopolíticas, investidores buscam alocar recursos em ativos que combinam retorno financeiro com contribuição positiva ao meio ambiente e à sociedade.

Mudanças no perfil do investidor

Os dados confirmam que fundos ESG entregam rendimentos superiores ao mercado no longo prazo. Desde abril de 2022, fundos de ações IS acumularam alta de 41%, fundos ESG-related cresceram 31,7%, enquanto fundos tradicionais subiram 21,9%. Em 2025, o contexto de juros elevados acelerou migração para renda fixa ESG, ampliando o universo de títulos verdes e sociais.

  • Investidor consciente busca impacto socioambiental;
  • Aversão a riscos climáticos eleva a procura por proteção;
  • Demanda por produtos financeiros que alinhem lucro e propósito.

Setores promissores e oportunidades no Brasil

O Brasil se destaca por sua matriz energética 88% limpa, muito acima da média global de 29%. Esse cenário abre janelas para investimentos em soluções de baixo carbono e infraestrutura verde.

  • Eficiência energética em indústrias e edificações;
  • Armazenamento de energia e baterias avançadas;
  • Infraestrutura climática, como usinas eólica e solar.

A inovação em sustentabilidade, aliada a incentivos fiscais e linhas de crédito verdes, amplia o leque de oportunidades para fundos, debêntures sustentáveis e projetos de transição energética.

Regulação e desafios de governança

O avanço das normas ESG ocorre em nível global e local. A União Europeia implementa a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) para padronizar relatórios de sustentabilidade, enquanto a CVM no Brasil prepara norma que exigirá divulgações financeiras ligadas a eventos climáticos extremos a partir de 2026.

Empresas com baixa performance ESG têm maior dificuldade de acesso a recursos e podem ser excluídas de índices temáticos. Para se adaptar, conselhos de administração devem reforçar expertise em sustentabilidade, contratar especialistas e revisar estratégias de longo prazo.

Transparência e métricas emergentes

O mercado nacional conta com ferramentas como o ESG Workspace da B3, um hub de dados que facilita análise e comparação de indicadores de sustentabilidade. Novos frameworks e índices auxiliam investidores a avaliar riscos e oportunidades, promovendo decisões mais fundamentadas.

Além disso, investidores institucionais seguem priorizando negócios com boas práticas socioambientais. A requisição por relatórios transparentes e detalhados sobre equidade salarial, inclusão e bem-estar dos colaboradores reforça a importância de governança sólida.

Perspectivas e próximos passos

O crescimento dos ativos ESG coloca o Brasil em posição de destaque num momento em que a transição energética e a mitigação de riscos climáticos são imperativos globais. Para aproveitar esse momento, empresas e investidores devem:

  • Definir metas claras de redução de emissões e impactos sociais;
  • Implementar sistemas de monitoramento e divulgação periódica de indicadores;
  • Engajar stakeholders e fortalecer a governança interna.

Adotar uma abordagem integrada, que combine performance financeira e responsabilidade socioambiental, é o caminho para garantir não apenas retornos mais robustos, mas também um legado positivo para as próximas gerações.

O protagonismo do ESG nas decisões de investimento já é realidade. Cabe a cada agente do mercado avançar em maturidade, confiando que a união entre lucro e propósito é a força que moldará o futuro dos negócios e do planeta.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson, 30 anos, é redator no noticabos.org, especializado em finanças pessoais e crédito.