O ambiente de investimentos vive uma transformação profunda, em que critérios ambientais, sociais e de governança assumem papel central nas escolhas de alocação de capital.
Os investimentos classificados como ESG vêm crescendo em ritmo acelerado. Em 2020, o volume global era de US$ 35 trilhões, saltando para uma projeção de US$ 53 trilhões até 2025, o que representa mais de um terço dos ativos sob gestão em todo o mundo. Esse fluxos de capitais mundiais sinalizam que o compromisso com sustentabilidade deixou de ser tendência e virou estratégia de longo prazo.
No Brasil, o movimento também se intensifica. Até maio de 2025, fundos ESG registraram R$ 34 bilhões em ativos sob gestão, um crescimento de 28% em relação ao ano anterior. Atualmente, existem 193 fundos ESG ativos no país, sendo 127 fundos IS (compromisso formal com objetivos ESG) e 66 fundos ESG-related (critério considerado sem compromisso formal).
A adoção de práticas ESG nas decisões de investimento reflete uma convergência de fatores:
Em um cenário de incertezas econômicas e tensões geopolíticas, investidores buscam alocar recursos em ativos que combinam retorno financeiro com contribuição positiva ao meio ambiente e à sociedade.
Os dados confirmam que fundos ESG entregam rendimentos superiores ao mercado no longo prazo. Desde abril de 2022, fundos de ações IS acumularam alta de 41%, fundos ESG-related cresceram 31,7%, enquanto fundos tradicionais subiram 21,9%. Em 2025, o contexto de juros elevados acelerou migração para renda fixa ESG, ampliando o universo de títulos verdes e sociais.
O Brasil se destaca por sua matriz energética 88% limpa, muito acima da média global de 29%. Esse cenário abre janelas para investimentos em soluções de baixo carbono e infraestrutura verde.
A inovação em sustentabilidade, aliada a incentivos fiscais e linhas de crédito verdes, amplia o leque de oportunidades para fundos, debêntures sustentáveis e projetos de transição energética.
O avanço das normas ESG ocorre em nível global e local. A União Europeia implementa a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) para padronizar relatórios de sustentabilidade, enquanto a CVM no Brasil prepara norma que exigirá divulgações financeiras ligadas a eventos climáticos extremos a partir de 2026.
Empresas com baixa performance ESG têm maior dificuldade de acesso a recursos e podem ser excluídas de índices temáticos. Para se adaptar, conselhos de administração devem reforçar expertise em sustentabilidade, contratar especialistas e revisar estratégias de longo prazo.
O mercado nacional conta com ferramentas como o ESG Workspace da B3, um hub de dados que facilita análise e comparação de indicadores de sustentabilidade. Novos frameworks e índices auxiliam investidores a avaliar riscos e oportunidades, promovendo decisões mais fundamentadas.
Além disso, investidores institucionais seguem priorizando negócios com boas práticas socioambientais. A requisição por relatórios transparentes e detalhados sobre equidade salarial, inclusão e bem-estar dos colaboradores reforça a importância de governança sólida.
O crescimento dos ativos ESG coloca o Brasil em posição de destaque num momento em que a transição energética e a mitigação de riscos climáticos são imperativos globais. Para aproveitar esse momento, empresas e investidores devem:
Adotar uma abordagem integrada, que combine performance financeira e responsabilidade socioambiental, é o caminho para garantir não apenas retornos mais robustos, mas também um legado positivo para as próximas gerações.
O protagonismo do ESG nas decisões de investimento já é realidade. Cabe a cada agente do mercado avançar em maturidade, confiando que a união entre lucro e propósito é a força que moldará o futuro dos negócios e do planeta.
Referências