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Desative compras internacionais se não for viajar

Desative compras internacionais se não for viajar

22/06/2025 - 23:33
Matheus Moraes
Desative compras internacionais se não for viajar

Em um momento de crescente aperto fiscal e volatilidade cambial, revisitar hábitos de consumo tornou-se essencial. Antes de permitir transações do exterior, avalie cenários, riscos e alternativas locais que promovam maior controle financeiro e tranquilidade. Pequenas mudanças de configuração hoje podem gerar grandes economias amanhã.

Contextualização do cenário atual das compras internacionais

A busca por pechinchas em sites estrangeiros é antiga, mas o panorama mudou. Desde abril de 2025, o ICMS de remessas simplificadas subiu de 17% para 20%, enquanto o IOF sobre cartões internacionais foi unificado em 3,5%. Essas taxas elevadas, somadas a um dólar oscilante, tornaram importações menos vantajosas para a maioria dos consumidores.

Em 2024, o país registrou 187,12 milhões de encomendas internacionais, 11% a menos que no ano anterior. A desaceleração reflete o peso tributário e as incertezas logísticas, com mercadorias paradas em alfândega por prazos superiores a 30 dias. Além do atraso, surgem custos extras de armazenagem e possíveis penalidades por descumprimento de normas aduaneiras.

Grandes marketplaces internacionais, como AliExpress, Shopee e Wish, passaram a recolher tributos antes da entrega, o que inflaciona preços e repassa burocracia ao consumidor. Em muitos casos, o valor final ultrapassa em 25% o custo original, tornando a experiência de compra inconveniente e financeiramente arriscada.

Por que desativar compras internacionais quando não há viagem planejada

Se você não coloca os pés em aeroportos ou estações de trem para aproveitar livremente as cotas de bagagem, cada pacote importado passa por um emaranhado de tributações que minam seu poder de compra. A ativação inadvertida de transações internacionais pode resultar em débitos inesperados que pesam no orçamento.

  • Prejuízo financeiro imediato: tarifas federais e estaduais, IOF elevado e dólar caro podem inflar o custo final em até 30%.
  • Risco de atrasos e retenção: rigor alfandegário causa demoras e taxas de armazenagem, atrasando produtos essenciais.
  • Instabilidade normativa: alterações súbitas nas regras tributárias deixam o consumidor sem tempo de adaptação.
  • Impacto no mercado interno: a demanda por produtos importados alimenta um círculo vicioso de desemprego no varejo local.

Portanto, caso não haja motivos concretos para compras no exterior, bloquear essas operações é uma medida preventiva e estratégica para proteger seu patrimônio.

Como as novas regras afetam viajantes e compradores online

O viajante ainda desfruta de certa previsibilidade ao comprar no exterior, pois a cota de bagagem funciona como isenção parcial, e o IOF de 3,5% é a única taxa incidente em cartões internacionais. Mesmo assim, vale considerar a variação cambial e os limites de peso, evitando surpresas no embarque ou na volta.

Para quem opta pela experiência virtual, a realidade é mais dura: o ICMS de 20% e o IOF de até 3,5% se aplicam mesmo em produtos de baixo valor. Além disso, custos de frete internacional, conversão de moeda e espera por despacho aduaneiro podem estender a entrega de dias a meses, gerando insatisfação e até demandas contra o vendedor ou transportadora.

Ademais, compras remotas dificultam o exercício de direitos do consumidor, já que prazos de garantia, política de devolução e eventual reembolso ficam sujeitos a regras estrangeiras e intermediários, o que pode resultar em perdas definitivas.

Impactos econômicos e sociais

As barreiras fiscais e logísticas não apenas buscam alta arrecadação, mas também têm um forte efeito colateral: o enfraquecimento do comércio físico e digital nacional. Projeções indicam perda de R$ 35 bilhões em arrecadação até 2027, ocasionada pela isenção de tributos em remessas de até US$ 50,00.

Estabelecimentos de roupas, eletrônicos e presentes sofrem queda de vendas, gerando desequilíbrio no mercado interno. Quando a demanda migra para fornecedores estrangeiros, o ciclo econômico nacional se retrai, resultando em desemprego e redução do poder de compra geral.

Esse cenário revela a importância de decisões conscientes: quando priorizamos produtos nacionais, fomentamos nossa economia, geramos empregos e estabilizamos preços domésticos. Por outro lado, o consumo internacional descontrolado alimenta incertezas fiscais e pressiona autoridades a aumentar ainda mais a carga tributária.

Recomendações práticas para o consumidor

  • Desative compras internacionais em seus cartões e aplicativos bancários caso não haja viagem.
  • Realize simulações completas de custos antes de finalizar qualquer importação: frete, tributos, variação cambial e taxas aduaneiras.
  • Privilegie compras presenciais no exterior apenas durante viagens, aproveitando cotas de bagagem e evitando processos alfandegários.
  • Explore marketplaces nacionais e pequenos produtores locais, garantindo suporte pós-venda mais eficaz e prazos de entrega reduzidos.
  • Configure alertas ou bloqueios temporários em bancos digitais para evitar compras por impulso em sites estrangeiros.

Ao seguir essas práticas, você reduz as chances de surpresas fiscais, controla melhor seu orçamento e contribui para um mercado interno mais sólido e competitivo.

Considerações finais

Desativar compras internacionais sem planos de viagem é uma atitude simples, mas capaz de gerar grandes benefícios no longo prazo. Ela evita custos imprevistos, protege seu fluxo de caixa e fortalece o comércio local.

Questione hábitos, planeje com antecedência e transforme consciência em ação. Ao priorizar seu país, você investe não apenas em segurança financeira pessoal, mas também no desenvolvimento econômico coletivo. Tome as rédeas do seu consumo e faça escolhas que reverberem positivamente na sua vida e na sociedade.

Lembre-se: informação e disciplina caminham juntas. Revise suas configurações de pagamento, avalie alternativas e adote práticas que garantam estabilidade financeira a longo prazo. Pequenas mudanças hoje podem fazer grande diferença amanhã.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes, 33 anos, é redator no noticabos.org, especializado em crédito pessoal, investimentos e planejamento financeiro.