Em 2025, a volatilidade política e social consolidou-se como um fator estrutural que influencia diretamente a forma como empresas e investidores planejam o futuro. Desde grandes economias até mercados emergentes, a instabilidade nas esferas governamentais e sociais gerou um ambiente cada vez mais imprevisível.
Gestores de diversos setores vivem o desafio de conciliar metas de crescimento com um cenário que muda rapidamente, em função de eleições, tensões geopolíticas e políticas econômicas protecionistas. Nos próximos parágrafos, exploraremos dados, impactos e estratégias para lidar com essa realidade.
O conceito de cenário político altamente incerto envolve a combinação de fatores como eleições de grande porte, crises sociais e disputas geopolíticas. Em 2024, mais de 70 países realizaram pleitos que abarcaram cerca de 55% do PIB mundial, segundo o Índice de Risco Político Coface, que permanece elevado em 40,2%.
Em Portugal e no Brasil, essa volatilidade ganhou destaque com debates acalorados sobre políticas fiscais, protecionismo comercial e pressões inflacionárias. O pós-pandemia intensificou rivalidades comerciais e a adoção de medidas de defesa que reverberam em cadeias produtivas globais.
Alguns indicadores ajudam a mensurar a intensidade dessa volatilidade. O índice de risco político Coface atingiu 40,2% em 2025, acima da média pré-Covid. Ao total, 112 de 162 países apresentam risco maior que o registrado em 2020. Outro indicador, o batómetro Control Risk, aponta que 83% das empresas portuguesas consideram riscos geopolíticos e macroeconômicos como a principal ameaça.
As consequências dessa instabilidade se refletem em diversos aspectos da gestão empresarial. O riscos de liquidez e acesso a capital aumentam, pois investidores exigem prêmios mais elevados para compensar incertezas políticas. Isso se traduz em custos de financiamento superiores e limites de crédito mais restritos.
Além disso, a pressão inflacionária e desvalorização do real no Brasil resultou de medidas fiscais pouco convincentes e falta de credibilidade nas contas públicas. A alta do dólar encareceu insumos importados, forçando empresas a renegociar preços e prazos com fornecedores.
Frente a essa dificuldades de planejamento de médio e longo prazo, gestores vêm adotando práticas mais resilientes. A diversificação geográfica de operações e investimentos é fundamental para diluir riscos locais e proteger receitas.
Outro ponto essencial é o monitoramento constante do cenário político. Equipes internas ou consultorias especializadas acompanham decisões governamentais, debates parlamentares e indicadores fiscais que possam sinalizar mudanças abruptas.
Para 2026, espera-se maior adoção de ferramentas de inteligência de risco que incorporem análises política, social e econômica. A digitalização de processos e a automação podem reduzir a exposição a choques externos e acelerar tomadas de decisão.
Concomitantemente, o papel das políticas públicas e da comunicação institucional ganha relevo: governos com transparência nas contas e diálogo aberto tendem a reduzir prêmios de risco, contribuindo para um ambiente mais estável.
Em suma, a revisão de cadeias de abastecimento globais e o uso estratégico de instrumentos financeiros avançados são respostas necessárias a um mundo cada vez mais instável. Gestores que investirem em conhecimento político e adotarem modelos flexíveis estarão melhor preparados para enfrentar os desafios de 2025 e além.
Referências