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Setores defensivos se destacam em períodos de incerteza

Setores defensivos se destacam em períodos de incerteza

11/10/2025 - 16:13
Matheus Moraes
Setores defensivos se destacam em períodos de incerteza

No agronegócio brasileiro, a volatilidade econômica e as oscilações cambiais exigem soluções robustas para manter a produtividade. Em 2025, os defensivos agrícolas se consolidam como peças-chave na agenda dos produtores, buscando equilíbrio entre custos elevados e produtividade essencial.

O que são setores defensivos

Os chamados "setores defensivos" englobam produtos e serviços que mantêm o funcionamento básico de uma cadeia produtiva mesmo em momentos adversos. No agronegócio, isso inclui fertilizantes, máquinas, serviços de suporte e, principalmente, os defensivos agrícolas. Sua característica central é a resiliência histórica em tempos de crise: mesmo quando o fluxo de caixa aperta, a demanda por itens essenciais se mantém alta.

Em períodos de incerteza, produtores priorizam insumos capazes de proteger a lavoura contra pragas e doenças, garantindo colheitas seguras e rendimentos moderados, mas consistentes. Esse comportamento reforça o valor desses setores dentro de um cenário que mistura risco e oportunidade.

Panorama do mercado de defensivos agrícolas em 2025

Após anos de expansão acelerada, o mercado de defensivos no Brasil observa em 2025 um crescimento mais modesto em 2025. As projeções para a safra 2024/25 indicam avanço de 3% (Croplife) a 6% (Sindiveg) em área tratada, atingindo cerca de 2 bilhões de hectares no total.

As principais culturas distribuídas em área tratada em 2024/25:

  • Soja: 55%
  • Milho: 17%
  • Algodão: 8%
  • Cana-de-açúcar: 4%
  • Outras (feijão, hortifruti, café, citros, arroz): 16%

Entre janeiro e março de 2025, a área tratada passou de 816 para 831 milhões de hectares, um avanço de 1,8% ano a ano.

Dinâmica de crescimento e desafios

O volume de defensivos (herbicidas, inseticidas, fungicidas) cresceu 3,4% no primeiro trimestre de 2025, refletindo uso intensificado em lavouras de milho (36%), soja (35%) e algodão (13%). No entanto, o faturamento recuou 11,1%, totalizando US$ 6,6 bilhões, devido a ajustes de preço e aumento dos custos de matéria-prima.

Entre os fatores que pressionam o setor, destacam-se a alta do dólar, o encarecimento de insumos petroquímicos e a concorrência acirrada. Para muitos, o desafio principal é equilibrar produtividade e orçamento sem comprometer a proteção das culturas.

Papel dos bioinsumos e inovação tecnológica

Diante da pressão por alternativas mais sustentáveis, o segmento de bioinsumos projeta crescimento de bioinsumos acima de 10% em 2025, com 155 milhões de hectares tratados. Esses produtos biológicos oferecem ação específica e menor impacto ambiental, conquistando espaço em plantações de soja, milho e algodão.

Embora enfrentem desafios no custo de produção e na curva de adoção pelo produtor, os bioinsumos representam uma inovação tecnológica essencial para o futuro do agronegócio, alinhando rentabilidade e sustentabilidade em longo prazo.

Estratégias dos produtores diante da volatilidade

Em um cenário de margens ajustadas, a busca por melhor custo-benefício entre insumos tornou-se prioridade. Produtores combinam defensivos convencionais e biológicos, avaliam preços de mercado diariamente e negociam lotes com distribuidores para diluir custos.

  • Planejamento antecipado de compras após safra colhida
  • Testes em áreas piloto para novas tecnologias
  • Negociação de financiamento com juros pré-fixados
  • Parcerias com cooperativas e empresas de pesquisa

Projeções, oportunidades e riscos

Ainda que o ritmo de expansão seja moderado, a perspectiva de crescimento conservador de 2% a 3% ao longo de 2025 indica estabilidade para o setor. A retomada dos preços de commodities, especialmente do milho, pode gerar aportes pontuais em defensivos.

Por outro lado, as oscilações cambiais e o aperto fiscal global impõem prudência. A adoção gradual de novas tecnologias e o fortalecimento de bioinsumos devem equilibrar riscos e abrir caminhos para modelos mais sustentáveis e lucrativos.

Em suma, os setores defensivos seguem essenciais para a manutenção da produtividade no Brasil. A combinação de inovação, gestão de custos e práticas sustentáveis define o futuro de uma cadeia produtiva que não pode abrir mão da proteção de suas lavouras.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes, 33 anos, é redator no noticabos.org, especializado em crédito pessoal, investimentos e planejamento financeiro.