No primeiro trimestre de 2025, o Brasil registrou um crescimento consistente do turismo interno, com alta de 5,4% em comparação ao ano anterior. Esse movimento reflete uma tendência favorável ao fortalecimento de economias locais e gera impactos profundos na vida de comunidades por todo o país. Pequenas empresas têm sido as maiores beneficiadas, se adaptando rapidamente à demanda crescente de viajantes em busca de experiências autênticas e personalizadas.
Segundo o IBGE, todas as 14 unidades da federação analisadas tiveram avanços expressivos em atividades turísticas. Destaque para o Rio de Janeiro, com alta de 17,0%, seguido pelo Ceará (14,7%), Bahia (14,4%), Santa Catarina (10,9%) e São Paulo (3,6%). Esses números demonstram a diversidade de destinos procurados pelos brasileiros, desde praias paradisíacas até serras e centros históricos.
Entre janeiro e março de 2025, mais de 23,7 milhões de passageiros em voos domésticos circularam pelos aeroportos nacionais. Nos 12 meses até agosto, foram registradas 747 milhões de buscas por voos domésticos, com São Paulo liderando como origem (27%) e destino (20%). A sazonalidade indica picos de movimento em janeiro, fevereiro (Carnaval) e dezembro, impulsionando a economia das regiões em períodos estratégicos.
Esse crescimento vem acompanhado pela geração de 62.481 vagas formais no setor entre janeiro e março, distribuídas principalmente em alojamento e alimentação, transporte rodoviário de passageiros e atividades de arte e cultura. O resultado é um cenário de otimismo, onde o fluxo turístico interno favorece tanto grandes destinos quanto cidades menores, muitas vezes esquecidas nos roteiros tradicionais.
Pequenos empreendimentos de hotelaria, restaurantes, bares, agências de turismo e artesanato têm visto suas receitas crescerem de forma consistente. A circulação de turistas em cidades do interior e em pontos turísticos alternativos gera oportunidades para micro e pequenos empresários valorizarem o que há de mais autêntico em cada local.
Além do aumento de fluxo, o turismo interno promove empresas familiares se fortalecem localmente, gerando renda e emprego em regiões que muitas vezes dependem exclusivamente do comércio local. Esse efeito multiplicador contribui para a diversificação econômica e reduz a sazonalidade extrema em alguns destinos.
Em municípios do interior de estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, centenas de pequenos produtores começaram a oferecer experiências de turismo rural, combinando gastronomia típica, hospedagem em sítios e passeios ecológicos. Em cidades históricas, pequenas agências regionais se reorganizaram para incluir roteiros culturais e artísticos, atraindo públicos que valorizam história e autenticidade.
No Nordeste, bares de praia e barracas de artesanato local criaram pacotes colaborativos, unindo transporte, refeição e entretenimento com músicos e contadores de causos. Esses modelos de negócio se espalham para outras regiões, inspirando empreendedores a explorarem nichos como turismo gastronômico, fotografia de natureza e observação de aves.
Para manter esse ritmo de crescimento, políticas públicas e investimentos privados têm sido fundamentais. O Ministério do Turismo vem promovendo ações de qualificação, certificação e promoção de destinos. Ao mesmo tempo, a redução de custos de passagens aéreas, a expansão da malha viária e a rapidez nos pagamentos digitais facilitam a experiência de viagem.
O turista brasileiro também se mostra cada vez mais exigente e consciente. Prefere destinos sustentáveis, experiências autênticas e serviços que reflitam a cultura local. Isso cria um cenário favorável para que pequenas empresas ganhem destaque frente a grandes redes padronizadas.
Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados. Muitos microempreendedores enfrentam dificuldade de acesso a crédito, capacitação limitada e falta de marketing digital. A sazonalidade pode impactar negativamente estabelecimentos que dependem exclusivamente de alta temporada.
Para contornar esses obstáculos, é essencial fortalecer redes de cooperação entre empreendedores, investir em formação continuada e buscar parcerias com órgãos públicos e instituições de ensino. A criação de roteiros integrados, que agreguem diferentes serviços e experiências, torna-se uma estratégia eficaz para manter o fluxo de visitantes ao longo do ano.
Além disso, a adoção de tecnologias como reservas online, programas de fidelidade e análise de dados contribui para entender melhor o perfil do turista e personalizar as ofertas. Pequenas empresas que abraçam a inovação conseguem otimizar recursos e maximizar resultados.
O crescimento do turismo interno no Brasil não é apenas um indicador econômico: é uma oportunidade de valorizar a diversidade cultural, fortalecer comunidades e criar uma rede de solidariedade empresarial. O sucesso desse movimento depende, sobretudo, do apoio contínuo a pequenos negócios e da cooperação entre setores público e privado.
Com políticas adequadas, investimentos em infraestrutura e foco na qualidade das experiências, o Brasil pode consolidar-se como destino nacional preferido, gerando emprego, renda e desenvolvimento em todas as regiões. Ao apostarem em novos nichos de turismo cultural, sustentabilidade e criatividade, as pequenas empresas estarão prontas para liderar uma nova era de prosperidade e inclusão.
Exemplos como o de pequenas pousadas na Chapada Diamantina e cooperativas de turismo comunitário no Amazonas mostram que, com planejamento e inovação, é possível transformar realidades locais. Esses modelos servem de inspiração para empresários em todo o país.
Agora é o momento de investir no turismo nacional: autoridades, investidores e empreendedores devem trabalhar juntos para criar um ambiente propício ao desenvolvimento. O turismo interno representa um caminho sólido para o crescimento econômico e social do Brasil.
Referências