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Inclua empréstimos como última alternativa após outras tentativas

Inclua empréstimos como última alternativa após outras tentativas

30/09/2025 - 00:18
Matheus Moraes
Inclua empréstimos como última alternativa após outras tentativas

Em um cenário econômico desafiador como o brasileiro, as decisões financeiras exigem cautela e planejamento. Antes de recorrer ao crédito bancário, é essencial explorar todas as outras possibilidades para preservar a saúde do orçamento e evitar armadilhas do endividamento.

Panorama do Crédito e Empréstimos no Brasil

O mercado de crédito no Brasil mantém um ritmo de crescimento apesar do aperto monetário. Em abril de 2025, o valor total dos empréstimos pendentes atingiu R$ 6,6 trilhões em aberto, com alta mensal de 0,7% e 15 meses consecutivos de crescimento. Esse comportamento demonstra a forte demanda de empresas e famílias, mesmo diante de juros elevados.

No fim de 2023, o estoque total de crédito bancário chegou a R$ 5,783 trilhões, expansão de 7,9% sobre o ano anterior – embora inferior ao ritmo de 14,5% observado em 2022. O crédito ampliado às famílias alcançou R$ 4,2 trilhões em 2024, o equivalente a 35,5% do PIB, enquanto o crédito para empresas representou quase 55% do PIB brasileiro, totalizando também R$ 6,6 trilhões.

Evolução das Concessões e Comportamento de Endividamento

Em 2024, as novas contratações de crédito cresceram 15,4% em relação a 2023, divididas entre 13,7% para pessoas físicas e 17,5% para empresas. Boa parte desse aumento se deve à busca de recursos para enfrentar o custo de vida em alta e as pressões inflacionárias.

O avanço de financiamentos “livres” chegou a 4,2% em 2023, enquanto os financiamentos com recursos “direcionados” subiram 8,9%. A inadimplência em operações livres atingiu 4,7% em dezembro de 2023, um patamar elevado para os padrões históricos do país.

Custo do Empréstimo: Juros e Condições

A alta das taxas de juros impacta diretamente o custo final do crédito. Ao final de 2024, a taxa média cobrada sobre todas as concessões era de 28,7% ao ano. No crédito livre, esse índice alcançou 40,8% ao ano, enquanto nos recursos direcionados ficou em 10,1% ao ano.

O spread bancário nos recursos livres, que mede a diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o valor cobrado do cliente, ficou em 30,2 pontos percentuais. Esses números deixam claro o alto custo do crédito bancário na prática.

Por Que Deve Ser a Última Alternativa?

  • Juros elevadíssimos comprometem a saúde financeira por longos períodos.
  • Risco de inadimplência e endividamento crescente, com famílias já comprometendo grande parte da renda.
  • Efeito bola de neve nas dívidas quando se recorre a crédito para pagar outras obrigações.
  • Empresas também enfrentam maior exposição a oscilações de câmbio e cenário macroeconômico.

Alternativas Antes de Buscar um Empréstimo

Antes de assinar um contrato de empréstimo, esgote outras estratégias que podem gerar alívio financeiro sem custos extras:

  • Renegociação de dívidas existentes com credores em busca de prazos e juros menores.
  • Reorganização do orçamento pessoal ou empresarial, cortando gastos supérfluos e identificando novas receitas.
  • Venda de ativos e desapegos para gerar caixa imediato sem tomar crédito.
  • Uso de reservas e aplicações financeiras de menor rentabilidade antes de demandar fundos de terceiros.

Quando o Empréstimo Pode Fazer Sentido

Em situações de absoluta necessidade e sempre após análise criteriosa, o empréstimo pode ser útil. Alguns pontos a considerar:

- Estabelecer um planejamento rigoroso sobre prazos, valores e capacidade de pagamento.

- Avaliar o Custo Efetivo Total (CET) da operação, incluindo tarifas e seguros.

- Comparar cenários de longo prazo para garantir que o novo débito não implique em riscos maiores.

Com esses cuidados, o crédito pode servir como instrumento de apoio pontual em emergências, mas jamais como primeira solução.

Conclusão

Empréstimos e linhas de crédito oferecem liquidez rápida, mas têm um preço elevado. O endividamento brasileiro já alcançou níveis significativos: R$ 6,6 trilhões para empresas e R$ 4,2 trilhões para famílias, com juros superiores a 28% ao ano em média.

Portanto, inclua o empréstimo como última alternativa. Explore todas as opções de renegociação, ajuste de orçamento, uso de reservas e venda de ativos antes de assumir novos encargos. Essa prudência não apenas reduz o custo financeiro, mas também fortalece sua capacidade de enfrentar desafios futuros de forma estável e sustentável.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes, 33 anos, é redator no noticabos.org, especializado em crédito pessoal, investimentos e planejamento financeiro.