Em um cenário econômico desafiador como o brasileiro, as decisões financeiras exigem cautela e planejamento. Antes de recorrer ao crédito bancário, é essencial explorar todas as outras possibilidades para preservar a saúde do orçamento e evitar armadilhas do endividamento.
O mercado de crédito no Brasil mantém um ritmo de crescimento apesar do aperto monetário. Em abril de 2025, o valor total dos empréstimos pendentes atingiu R$ 6,6 trilhões em aberto, com alta mensal de 0,7% e 15 meses consecutivos de crescimento. Esse comportamento demonstra a forte demanda de empresas e famílias, mesmo diante de juros elevados.
No fim de 2023, o estoque total de crédito bancário chegou a R$ 5,783 trilhões, expansão de 7,9% sobre o ano anterior – embora inferior ao ritmo de 14,5% observado em 2022. O crédito ampliado às famílias alcançou R$ 4,2 trilhões em 2024, o equivalente a 35,5% do PIB, enquanto o crédito para empresas representou quase 55% do PIB brasileiro, totalizando também R$ 6,6 trilhões.
Em 2024, as novas contratações de crédito cresceram 15,4% em relação a 2023, divididas entre 13,7% para pessoas físicas e 17,5% para empresas. Boa parte desse aumento se deve à busca de recursos para enfrentar o custo de vida em alta e as pressões inflacionárias.
O avanço de financiamentos “livres” chegou a 4,2% em 2023, enquanto os financiamentos com recursos “direcionados” subiram 8,9%. A inadimplência em operações livres atingiu 4,7% em dezembro de 2023, um patamar elevado para os padrões históricos do país.
A alta das taxas de juros impacta diretamente o custo final do crédito. Ao final de 2024, a taxa média cobrada sobre todas as concessões era de 28,7% ao ano. No crédito livre, esse índice alcançou 40,8% ao ano, enquanto nos recursos direcionados ficou em 10,1% ao ano.
O spread bancário nos recursos livres, que mede a diferença entre o custo do dinheiro para o banco e o valor cobrado do cliente, ficou em 30,2 pontos percentuais. Esses números deixam claro o alto custo do crédito bancário na prática.
Antes de assinar um contrato de empréstimo, esgote outras estratégias que podem gerar alívio financeiro sem custos extras:
Em situações de absoluta necessidade e sempre após análise criteriosa, o empréstimo pode ser útil. Alguns pontos a considerar:
- Estabelecer um planejamento rigoroso sobre prazos, valores e capacidade de pagamento.
- Avaliar o Custo Efetivo Total (CET) da operação, incluindo tarifas e seguros.
- Comparar cenários de longo prazo para garantir que o novo débito não implique em riscos maiores.
Com esses cuidados, o crédito pode servir como instrumento de apoio pontual em emergências, mas jamais como primeira solução.
Empréstimos e linhas de crédito oferecem liquidez rápida, mas têm um preço elevado. O endividamento brasileiro já alcançou níveis significativos: R$ 6,6 trilhões para empresas e R$ 4,2 trilhões para famílias, com juros superiores a 28% ao ano em média.
Portanto, inclua o empréstimo como última alternativa. Explore todas as opções de renegociação, ajuste de orçamento, uso de reservas e venda de ativos antes de assumir novos encargos. Essa prudência não apenas reduz o custo financeiro, mas também fortalece sua capacidade de enfrentar desafios futuros de forma estável e sustentável.
Referências