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Fusões e aquisições redefinem o setor industrial

Fusões e aquisições redefinem o setor industrial

09/07/2025 - 14:15
Lincoln Marques
Fusões e aquisições redefinem o setor industrial

As fusões e aquisições (M&A) vêm se consolidando como força motriz na evolução do setor industrial brasileiro. A busca por eficiência, inovação e expansão de portfólio impulsiona empresas de todos os portes a repensar suas estratégias.

Contexto e importância das fusões e aquisições

Em um cenário global de rápidas transformações, as operações de M&A oferecem caminhos para acesso a novos mercados, tecnologias e competências. No Brasil, o mercado de M&A cresce de forma consistente, superando expectativas tradicionais.

Até abril de 2025, o setor brasileiro movimentou R$ 56,5 bilhões até abril de 2025, com 537 transações concluídas. Esse desempenho reflete uma retomada de confiança empresarial após oscilações na economia global.

Panorama do mercado nacional de M&A

O segundo trimestre de 2024 apresentou um crescimento de 17% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 365 transações. No conjunto de 2024, foram registradas 776 operações no primeiro semestre, um aumento de 5,3% sobre 2023.

Dados da KPMG apontam que 426 negócios foram formalizados no segundo trimestre de 2024, o maior volume em dois anos. Comparativamente, o período 2020–2022 manteve médias anuais de 222 transações e cerca de R$ 245 bilhões movimentados.

As operações domésticas representam 60% do total, enquanto 28% contam com capital estrangeiro, beneficiado pela desvalorização do real estimulou interesse internacional.

Setores em destaque

Cada ramo industrial apresenta perfis distintos de atração de investimentos. Entre janeiro e abril de 2025, alguns segmentos se sobressaíram:

Embora o segmento de Internet, Software & IT Services lidere em quantidade de negócios, o setor de energia e utilities domina em valor financeiro, com R$ 64 bilhões, correspondendo a mais de um terço do total de 2024.

Motivações estratégicas das operações

As empresas adotam M&A não apenas para aumentar participação de mercado, mas também para:

  • Alcançar eficiência operacional e sinergias em processos.
  • Incorporar tecnologias emergentes e acelerar a transformação digital.
  • Expandir portfólio de produtos e serviços em novos nichos.
  • Fortalecer posição competitiva frente às rápidas mudanças.

Startups e PMEs, por sua vez, veem nas fusões um caminho para ganhar escala e garantir sustentabilidade financeira.

Desafios na integração pós-deal

O sucesso de uma operação de M&A depende de fatores além do preço pago. Entre os principais desafios estão:

  • Garantir integração cultural e operacional entre equipes.
  • Manter a satisfação do cliente durante períodos de transição.
  • Ajustar processos e sistemas sem interromper a produção.
  • Assegurar compliance e crescimento sustentável e conformidade regulatória.

Impactos competitivos e estruturais

Fusões e aquisições reconfiguram a dinâmica de setores industriais. Com a consolidação de players, observa-se:

  • Maior poder de barganha frente a fornecedores.
  • Ampliação de capacidade de investimento em inovação.
  • Redução de custos por meio de economias de escala.

Contudo, a concentração excessiva pode gerar barreiras à entrada de novos concorrentes e exigir maior atenção das autoridades regulatórias.

Casos recentes e aprendizados

Dentre as operações mais emblemáticas, destacam-se:

  • A aquisição dos 50% restantes da Comerc pela Vibra, reforçando sua atuação em multienergias.
  • A compra da AES Brasil pela Auren, avaliada em cerca de R$ 7 bilhões.
  • A venda de hidrelétrica da Neoenergia por R$ 1,43 bilhão à EDF.
  • A aquisição de duas PCHs pela Gerdau por R$ 440 milhões.

Esses cases demonstram a importância de planejamento estratégico rigoroso, alinhamento de culturas e avaliação criteriosa de sinergias.

Perspectivas para 2025 e além

Para os próximos anos, o mercado brasileiro de M&A tende a um amadurecimento ainda maior, com operações mais estruturadas e foco em planejamento estratégico de médio e longo prazo.

Setores como saúde e real estate devem ganhar protagonismo, diversificando o leque de oportunidades para investidores nacionais e internacionais.

Apesar do crescimento recente, o ritmo de transações pode desacelerar no segundo semestre de 2024, mantendo níveis abaixo dos picos observados entre 2020 e 2022.

Em síntese, empresas que adotarem uma abordagem seletiva e alinhada a seus objetivos terão maior probabilidade de sucesso, promovendo verdadeira transformação industrial no Brasil.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques, 34 anos, integra a equipe editorial do noticabos.org, com foco em soluções financeiras acessíveis para quem busca equilibrar o crédito pessoal e melhorar sua saúde financeira.