Logo
Home
>
Investimentos
>
Avalie fundos de infraestrutura para diversificar

Avalie fundos de infraestrutura para diversificar

17/08/2025 - 08:28
Bruno Anderson
Avalie fundos de infraestrutura para diversificar

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o investimento em infraestrutura não é apenas uma necessidade econômica, mas um instrumento de transformação social. A lacuna entre o que existe hoje e o que seria ideal para manter estradas, saneamento e energia operando de forma eficiente é gigantesca.

Segundo estudos, o Brasil precisaria aplicar ao menos 4% do seu PIB anualmente apenas para manter o parque atual de infraestrutura, mas, na prática, esse índice não ultrapassa 2%. Nesse contexto, os fundos de investimento em infraestrutura surgem como porta de entrada para quem deseja contribuir com o desenvolvimento do país enquanto diversifica seu portfólio.

O que são fundos de infraestrutura

Os fundos de investimento em infraestrutura (FI-Infra) e os fundos de investimento em participações em infraestrutura (FIP-IE) são veículos financeiros que canalizam recursos de investidores para projetos estruturantes. Os FI-Infra apostam sobretudo em debêntures incentivadas, títulos emitidos por empresas que precisam financiar rodovias, energia, saneamento e outros sistemas vitais.

Já os FIP-IE permitem não só a compra de dívidas, mas também a participação acionária em empresas operadoras de infraestrutura. Ambos são listados em bolsa, distribuem rendimentos em geral de forma mensal e têm a grande vantagem de isenção de imposto de renda sobre ganhos de cota e dividendos.

Números e crescimento recente

O mercado de debêntures incentivadas viveu um ano de recordes em 2024, com emissões que alcançaram R$ 135,01 bilhões, praticamente o dobro do ano anterior. No mercado secundário, movimentaram-se R$ 278,6 bilhões, um aumento superior a 115%.

Desde 2016, quando surgiram com R$ 5 bilhões em emissões, esses papéis já chegaram a R$ 96 bilhões em 2024. E, para 2025, há perspectiva de mais de 110 leilões entre concessões, privatizações e parcerias público-privadas, com potencial de atrair R$ 250 bilhões de investimentos privados.

Por que diversificar com fundos de infraestrutura

Investir em infraestrutura traz risco não correlacionado a mercados tradicionais, oferecendo proteção em momentos de turbulência em ações ou títulos públicos. Cada projeto de saneamento, rodovias ou energia possui perfil de risco e fluxo de caixa distintos, o que gera maior resiliência ao portfólio.

  • Rentabilidade estável e previsível, com pagamentos mensais
  • Benefício tributário significativo devido à isenção de IR
  • Diversificação por setor: energia, transporte, saneamento
  • Exposição a projetos de infraestrutura essenciais ao país

Comparação entre FI-Infra e FIP-IE

Principais riscos e desafios em 2025

Apesar do cenário promissor, há desafios a serem considerados. A taxa de juros elevada pode dificultar novas captações e encarecer o custo de financiamento. É preciso ficar atento ao nível de desconto das cotas, já que muitos FI-Infras negociam abaixo do valor patrimonial.

Além disso, o horizonte de investimento costuma ser de médio a longo prazo, entre sete e dez anos, período no qual o investidor deve ter paciência para acompanhar o ciclo completo do projeto.

Como investir: veículos e estratégias

O acesso ao mercado de infraestrutura pode ocorrer de diferentes maneiras:

  • Compra direta de debêntures incentivadas no mercado primário e secundário
  • Aquisição de cotas de FI-Infra listados em bolsa
  • Participação em FIP-IE para investidores qualificados
  • Fundos multimercados com alocação significativa em infraestrutura

Para reduzir riscos, diversifique entre setores (energia, transportes, saneamento) e emissores. Avalie a qualidade das empresas, histórico de pagamento de juros e garantias estruturais atreladas às debêntures.

Perspectivas e oportunidades futuras

O movimento de concessões, PPPs e privatizações deve continuar em ritmo acelerado, colocando setores de saneamento básico e transportes no centro das atenções. A introdução de novas regras regulatórias e o avanço de tecnologias verdes podem abrir nichos para financiamento e para a emissão de debêntures vinculadas a projetos sustentáveis.

Em um ambiente de inflação controlada, mas ainda com juros elevados, os investidores podem encontrar nos fundos de infraestrutura spreads de crédito mais atrativos que em instrumentos tradicionais de renda fixa.

Recomendações práticas para o investidor

  • Analise o portfólio do fundo: tipo de ativos e qualidade das empresas emissoras
  • Verifique o histórico de distribuição de rendimentos e liquidez das cotas
  • Cuidado com taxas de administração e performance que podem impactar a rentabilidade líquida
  • Avalie o nível de desconto das cotas em relação ao valor patrimonial
  • Defina o prazo do investimento de acordo com seus objetivos financeiros

Ao incluir fundos de infraestrutura em sua carteira, você não só busca diversificação inteligente e eficiente, mas também contribui para o desenvolvimento de projetos que movimentam a economia brasileira e geram impacto social positivo. Em um mercado com desafios e altas oportunidades, a avaliação criteriosa é o caminho para selecionar fundos que entreguem retorno financeiro e progresso para o país.

Com as concessões e privatizações acelerando, e a previsão de R$ 250 bilhões em novos investimentos privados, agora é o momento de considerar a infraestrutura como uma classe de ativo. Avalie, compare e invista de forma consciente para colher os frutos dessa evolução estrutural no Brasil.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson, 30 anos, é redator no noticabos.org, especializado em finanças pessoais e crédito.