Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o investimento em infraestrutura não é apenas uma necessidade econômica, mas um instrumento de transformação social. A lacuna entre o que existe hoje e o que seria ideal para manter estradas, saneamento e energia operando de forma eficiente é gigantesca.
Segundo estudos, o Brasil precisaria aplicar ao menos 4% do seu PIB anualmente apenas para manter o parque atual de infraestrutura, mas, na prática, esse índice não ultrapassa 2%. Nesse contexto, os fundos de investimento em infraestrutura surgem como porta de entrada para quem deseja contribuir com o desenvolvimento do país enquanto diversifica seu portfólio.
Os fundos de investimento em infraestrutura (FI-Infra) e os fundos de investimento em participações em infraestrutura (FIP-IE) são veículos financeiros que canalizam recursos de investidores para projetos estruturantes. Os FI-Infra apostam sobretudo em debêntures incentivadas, títulos emitidos por empresas que precisam financiar rodovias, energia, saneamento e outros sistemas vitais.
Já os FIP-IE permitem não só a compra de dívidas, mas também a participação acionária em empresas operadoras de infraestrutura. Ambos são listados em bolsa, distribuem rendimentos em geral de forma mensal e têm a grande vantagem de isenção de imposto de renda sobre ganhos de cota e dividendos.
O mercado de debêntures incentivadas viveu um ano de recordes em 2024, com emissões que alcançaram R$ 135,01 bilhões, praticamente o dobro do ano anterior. No mercado secundário, movimentaram-se R$ 278,6 bilhões, um aumento superior a 115%.
Desde 2016, quando surgiram com R$ 5 bilhões em emissões, esses papéis já chegaram a R$ 96 bilhões em 2024. E, para 2025, há perspectiva de mais de 110 leilões entre concessões, privatizações e parcerias público-privadas, com potencial de atrair R$ 250 bilhões de investimentos privados.
Investir em infraestrutura traz risco não correlacionado a mercados tradicionais, oferecendo proteção em momentos de turbulência em ações ou títulos públicos. Cada projeto de saneamento, rodovias ou energia possui perfil de risco e fluxo de caixa distintos, o que gera maior resiliência ao portfólio.
Apesar do cenário promissor, há desafios a serem considerados. A taxa de juros elevada pode dificultar novas captações e encarecer o custo de financiamento. É preciso ficar atento ao nível de desconto das cotas, já que muitos FI-Infras negociam abaixo do valor patrimonial.
Além disso, o horizonte de investimento costuma ser de médio a longo prazo, entre sete e dez anos, período no qual o investidor deve ter paciência para acompanhar o ciclo completo do projeto.
O acesso ao mercado de infraestrutura pode ocorrer de diferentes maneiras:
Para reduzir riscos, diversifique entre setores (energia, transportes, saneamento) e emissores. Avalie a qualidade das empresas, histórico de pagamento de juros e garantias estruturais atreladas às debêntures.
O movimento de concessões, PPPs e privatizações deve continuar em ritmo acelerado, colocando setores de saneamento básico e transportes no centro das atenções. A introdução de novas regras regulatórias e o avanço de tecnologias verdes podem abrir nichos para financiamento e para a emissão de debêntures vinculadas a projetos sustentáveis.
Em um ambiente de inflação controlada, mas ainda com juros elevados, os investidores podem encontrar nos fundos de infraestrutura spreads de crédito mais atrativos que em instrumentos tradicionais de renda fixa.
Ao incluir fundos de infraestrutura em sua carteira, você não só busca diversificação inteligente e eficiente, mas também contribui para o desenvolvimento de projetos que movimentam a economia brasileira e geram impacto social positivo. Em um mercado com desafios e altas oportunidades, a avaliação criteriosa é o caminho para selecionar fundos que entreguem retorno financeiro e progresso para o país.
Com as concessões e privatizações acelerando, e a previsão de R$ 250 bilhões em novos investimentos privados, agora é o momento de considerar a infraestrutura como uma classe de ativo. Avalie, compare e invista de forma consciente para colher os frutos dessa evolução estrutural no Brasil.
Referências