Em um cenário de endividamento crescente, é essencial entender as opções que podem aliviar a pressão financeira. A portabilidade e a renegociação surgem como ferramentas valiosas para quem busca reduzir o custo total da dívida e retomar o controle do orçamento.
O Brasil enfrenta atualmente níveis recordes de inadimplência. Em maio de 2025, mais de 77 milhões de pessoas estavam com contas em atraso, um aumento em relação aos meses anteriores. Esse público é formado majoritariamente por indivíduos entre 41 e 60 anos (35,1%), seguidos pelos de 26 a 40 anos (33,9%), acima de 60 anos (19%) e jovens de 18 a 25 anos (11,6%).
Para muitos, a acumulação de dívidas ocorre devido a fatores como desemprego, imprevistos com saúde ou encargos domésticos elevados. Nesse contexto, conhecer alternativas de gestão pode significar a diferença entre viver sufocado pelos juros ou recuperar a saúde financeira.
A portabilidade de crédito permite transferir um empréstimo ou saldo devedor de uma instituição para outra que ofereça condições mais favoráveis. Entre as vantagens, destacam-se:
Na prática, é possível transportar débitos de empréstimo pessoal, consignado ou cartão de crédito parcelado e rotativo. Apesar do mecanismo estar em vigor, sua adoção ainda é tímida em alguns segmentos, especialmente no rotativo de cartão.
Entre julho de 2024 e abril de 2025, foram solicitadas 10,5 milhões de portabilidades de crédito consignado, das quais 3,6 milhões foram efetivadas, o que representa 95,5% do total de operações de transferência de crédito. Já o cartão de crédito registrou apenas 70 pedidos, com 25 concluídos nesse mesmo período.
Esses números revelam oportunidades ainda pouco exploradas. Com a agenda do Banco Central voltada para o open finance em 2025-2026, espera-se que o processo se torne mais ágil e amplamente divulgado, estimulando mais consumidores a aproveitar essa opção.
A renegociação é um acordo direto entre o devedor e o credor para reestruturar contratos em atraso. Esse caminho permite combinar novas condições, como:
Em 2024, cerca de 3,5 milhões de contratos foram repactuados em mutirões nacionais de negociação organizados por Febraban, Banco Central, Senacon e Procons. O valor médio desses acordos ficou em R$ 839, totalizando mais de R$ 11,7 bilhões renegociados apenas na plataforma Serasa Limpa Nome em maio de 2025.
Ainda que vantajosa, a portabilidade enfrenta algumas barreiras:
Especialistas afirmam que o assunto ainda está em fase inicial de maturação e precisa de tempo para ganhar escala. A tendência, no entanto, é de crescimento conforme o open finance avance e as instituições aprimorem sistemas.
O Banco Central colocou a portabilidade como prioridade no âmbito do open finance, visando tornar mais simples a comparação de propostas e a execução das transferências de dívida. Além disso, mutirões de negociação seguem sendo promovidos por diversos órgãos, com foco em incluir financeiramente quem está com dificuldades de pagar seus compromissos.
A plataforma Serasa Limpa Nome, por exemplo, já disponibiliza mais de 607 milhões de ofertas de negociação, somando R$ 953 bilhões em dívidas potencialmente reestruturáveis.
Para escolher entre portabilidade e renegociação, siga estas orientações básicas:
Ao planejar a negociação, registre o valor total da dívida, estime parcelas que caibam no bolso e peça sempre um contrato detalhado das novas condições.
O futuro aponta para uma adoção gradual, mas consistente, da portabilidade de crédito, com melhorias tecnológicas e campanhas educativas. A expansão do open finance deve ampliar a transparência, aumentando a competitividade entre credores e beneficiando o consumidor.
Ao mesmo tempo, os mutirões de renegociação continuarão essenciais para promover a recuperação do crédito, oferecendo oportunidades de acordo tanto para dívidas de menor valor quanto para contratos mais complexos.
Em resumo, conhecer e avaliar todas as alternativas disponíveis é fundamental para superar o desafio do endividamento. Seja por meio da portabilidade, que pode reduzir juros e alongar prazos, ou da renegociação, que reestrutura o contrato em atraso, o importante é agir de forma planejada e consciente. Com informação e estratégia, é possível recuperar o crédito e retomar os objetivos de vida, sem o peso das dívidas sobre os ombros.
Referências